quinta-feira, 26 de junho de 2008

Comissão Europeia investe 600 milhões de euros em produtos digitais para idosos

Em 2020, 25% da população da UE terá mais de 65 anos. Para dar resposta a este crescente desafio demográfico, a Comissão europeia aprovou hoje um plano que pretende «tornar a Europa um centro para o desenvolvimento de tecnologias digitais que ajudem os idosos a manter uma vida autónoma em casa» .

A Comissão disponibilizará assim cerca de 150 milhões de euros para financiar um novo programa comum de investigação europeu, no qual Portugal vai participar, elevando assim o investimento total acima dos 600 milhões de euros. Com este novo programa, as empresas poderão desenvolver produtos e serviços digitais para melhorar a vida dos idosos em casa, no local de trabalho e na sociedade em geral.

Dispositivos inteligentes para reforçar a segurança em casa, soluções móveis para a monitorização de sinais vitais e interfaces conviviais para as pessoas que sofrem de deficiências visuais ou auditivas são alguns dos projectos anunciados. «Não há razão para que os idosos na Europa fiquem excluídos dos benefícios das novas tecnologias. As soluções e os serviços resultantes deste programa ajudá-los-ão a manter-se activos na sociedade e a conservarem os seus contactos sociais e a sua autonomia por mais tempo », afirmou a Comissária Europeia para a Sociedade da Informação e os Media, Viviane Reding.

«Este programa ajudará as empresas europeias a responder melhor às necessidades dos nossos idosos, criará novas e grandes oportunidades de negócio e oferecerá soluções que ajudarão as autoridades públicas a tornar os nossos sistemas de saúde e de segurança social sustentáveis no futuro », concluiu .

Estima-se que, nas próximas décadas, a despesa com pensões, cuidados de saúde e cuidados prolongados aumentará 4 a 8% do PIB. Dado que a despesa total deverá triplicar até 2050, muitos países estão já à procura de soluções sustentáveis.
Fonte: Jornal Sol

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Fazem falta médicos geriatras

Os portugueses vivem até cada vez mais tarde, mas não significa que o façam com mais qualidade. Os desafios do aumento da esperança média de vida estiveram esta sexta-feira em debate no fórum "O Tempo da Vida", na Gulbenkian, em Lisboa.
Em 1990/91, a esperança média de vida à nascença em Portugal era de 77 anos. Quinze anos depois, a média de longevidade da população portuguesa aumentou para 80 anos e 17,6% da população tinha mais de 65 anos. Contudo, apesar desta tendência de envelhecimento da população e dos desafios que isso acarreta, nenhum dos cursos de medicina ministrados em Portugal tem formação obrigatória em geriatria. O alerta foi deixado por Maria do Céu Machado, alta comissária da Saúde, e subscrito pelo neurocirurgião João Lobo Antunes, promotor desta iniciativa. De acordo com a alta comissária, apenas uma faculdade de Medicina em Portugal tem uma cadeira opcional de geriatria, que dura 20 horas. "Uma situação que não pode continuar" dada a crescente necessidade de cuidados médicos especializados que a população idosa requer, disse. No debate, ficou claro que a classe médica não se entende sobre se se deve criar uma especialidade em geriatria ou se esta pode ser um ramo da medicina interna ou da medicina geral e familiar, mas certo é que todos concordam na necessidade de haver formação específica na "medicina dos velhos", como existe para os bebés. A este propósito, Maria do Céu Machado anunciou que o alto-comissariado pretende avançar, juntamente com a Direcção-Geral de Saúde, com a criação de um boletim de saúde do idoso (à semelhança do que existe com os bebés), onde os doentes concentrem toda a informação relativa às sua patologias e à medicação que tomam. Para já irão fazer uma "experiência-piloto para ver se o projecto vale a pena". Maria José Nogueira Pinto, ex-provedora da Santa casa da Misericórdia de Lisboa, lamentou que um "fenómeno tão previsível como o envelhecimento" não tenha sido devidamente preparado em Portugal e admitiu que, no futuro, dadas as reduções nas reformas, os idosos serão mais empobrecidos e não irão ter a qualidade de vida que merecem. Lamentou que, ao contrário do previsto, as verbas do Euromilhões não tenham sido gastas em equipamentos para apoio à terceira idade.
Fonte: Jornal de Notícias

segunda-feira, 16 de junho de 2008

INE: número de idosos aumentará um milhão até 2050

Projecções do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o número de idosos (mais de 65 anos) atingirá, em Portugal, a marca de 2,95 milhões em 2050, mais um milhão do que em 2005 (1,78 milhão) e 2006 (1,82 milhão).

Segundo a edição de quinta-feira do Jornal de Notícias, em 2046, haverá 238 idosos por cada 100 jovens, o dobro dos valores actuais (112 para 100), facto que leva especialistas a considerar que as escolas devem preparar os mais novos para a sua própria velhice. Ainda de acordo com as projecções do INE, em 2046 a proporção de população jovem reduzir-se-á 13% e a população idosa aumentará dos actuais 17,2% para 31%.

Neste cenário, agravar-se-á o processo de envelhecimento da população portuguesa expresso no índice de envelhecimento, que é hoje de 112 idosos por cada 100 jovens e em 2046 será de 238 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 até aos 14 anos. Perante estas projecções, uma docente e investigadora do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa (ISCSP/UTL) defende que as escolas deviam dar aulas de gerontologia (estudo do envelhecimento) aos jovens para lhes explicar que «ser idoso não tem de ser um fardo» e educá-los para uma velhice activa.

Num país em que a esperança de vida à nascença e aos 65 anos é cada vez maior, os mais velhos são considerados «um fardo e um custo em toda a ordem em termos de equipamentos sociais e dos hospitais», considera Stella António.

«O Envelhecimento e Políticas Sociais» e a «Solidariedade Geracional e Sustentabilidade da Segurança Social» são alguns dos temas que vão estar hoje em debate na «Conferência Demografia e Políticas Sociais», organizada pelo Centro de Administração e Políticas Sociais do ISCSP/UTL e Associação Portuguesa de Demografia (APD).

Os dados mais recentes do INE, relativos a 2006, indicam que o Alentejo é a região do país mais envelhecida, com 102.042 jovens (até aos 14 anos) contra 175.061 idosos (22,9% do total da população). No lado oposto estão as regiões autónomas, onde há mais jovens que idosos nos Açores existem 46.904 jovens e 30.198 idosos (12,4% da população) e na Madeira há 44.283 crianças até aos 14 anos e 32.274 pessoas com mais de 65 anos, que perfazem 13,1% do total da população madeirense.