A Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) já atendeu quase nove mil utentes e deverá cumprir a meta em número de atendimentos, mas falha nas respostas de carácter social.
A Rede teve uma evolução inequívoca - os dados de 2008, a que o JN teve acesso, apontam já para uma cobertura nacional de 58%, com 8807 utentes tratados. "O número de utentes que vive só é, de facto, preocupante", reconhece Ana Girão, médica e responsável pela implementação da RNCCI, ressalvando, no entanto, que, na primeira metade deste ano, o número já desceu para 12%. "Existe alguma carência na resposta social", admite. No entanto, "no fim da reabilitação, acabamos por ficar a responder a problemas de carácter social", continua a responsável.
De acordo com o relatório de monitorização do desenvolvimento da RNCCI, mais de metade das propostas de admissão dos utentes (52%) tem como motivo "a situação de fragilidade do idoso" – a idade média dos utentes é de 72 anos. E é o próprio documento que alerta para "a importância de garantir o apoio ambulatório ou domiciliário necessário após o internamento".
"Estamos a falar de um serviço sério, que não passa pela mera entrega da alimentação ou da mudança das fraldas", sublinha a médica. E acrescenta: "Enquanto não houver respostas de apoio domiciliário eficazes, não podemos apontar o dedo às famílias. Não podemos apoiar o seu mau comportamento para com os idosos, mas não as podemos acusar".
O Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais deverá criar 13 mil vagas para idosos em lares até 2009 e será "crucial no apuramento desta resposta", conclui.
Fonte: Jornal de Notícias